segunda-feira, 4 de abril de 2011

A Química durante a Segunda Guerra Mundial

O mais interessante na química, que podemos observar através da história, são os extremos que estão presentes em grande parte dos estudos e das descobertas realizadas. Como os benefícios da energia nuclear em contraste com os males causados pela radiação, ou os avanços tecnológicos na área da medicina lado a lado ao uso de substâncias tóxicas em prisioneiros condenados à pena de morte.
Impossível pensar na história da química e não lembrar-se logo das bombas atômicas. Porém, a química tanto mudou o rumo de guerras como teve sua história alterada também pela existência destas. Se fizéssemos um gráfico que representasse o desenvolvimento da ciência durante a história, provavelmente, veríamos os pontos máximos deste gráfico ocorrendo durante os períodos em que o mundo esteve em guerra. A capacidade que a química demonstrou de mudar drasticamente a situação em campos de batalha, durante a Primeira Grande Guerra, com o uso pioneiro de gases tóxicos nas trincheiras, fez com que cientistas fossem estimulados e principalmente financiados a pesquisar e descobrir novas formas de que seu país se mostrasse superior ao país adversário. A mesma química que estuda a criação do universo, o desenvolvimento de novos medicamentos também é aquela que desenvolve bombas nucleares.
A química começou a ser usada em campos de batalha na Primeira Guerra Mundial com os gases tóxicos lançados contra a trincheira inimiga; gases como os lacrimogêneos, o gás de mostarda e o gás cloro. Muitos gases usados durante essa guerra foram desenvolvidos pelo químico Fritz Haber, ganhador do Prêmio Nobel de 1918 pela síntese da Amônia (NH3). Mais um exemplo de que podemos ter os dois lados da moeda na ciência.
Mas, apesar de após a primeira guerra, os países terem assinado um acordo impedindo o uso de gases tóxicos para fins bélicos, quando a segunda guerra mundial estourou ninguém mais se lembrou desse tratado. Os famosos campos de concentração de Hitler, como Auschwitz, começaram a utilizar câmaras de gás para a execução de grande quantidade de pessoas de uma única vez. O gás mais usado é ainda conhecido como Zyklon B, porém esse gás era na verdade o Ácido Cianídrico    .  O gás do ácido cianídrico é descrito como tendo cheiro de amêndoas, mas não tente comprovar essa informação pois ele é extremamente fatal. O íon cianeto CN-  tende a se ligar ao Ferro presente na hemoglobina do nosso sangue, com isso o F não pode se ligar ao oxigênio quando respiramos resultando na morte por sufocamento.
Outra influência da área cientifica na segunda guerra, inclusive acredito que seja esta a que primeiro vem a mente da maioria das pessoas:  a  Bomba Atômica
Esse ano comemoramos o centenário do primeiro Prêmio Nobel dado a uma mulher, Marie Curie, responsável por voltar os olhos de muitos cientistas para a radiação. Mas isso não explica a criação da bomba, certo? O que ocorreu na época da segunda guerra e que culminou no holocausto foi na década de 30 com Lise Meitner e Otto Hahn, descobridores da “Fissão Nuclear”. Eles bombardearam o núcleo do urânio com nêutrons, na expectativa de produzir algum elemento novo que fosse mais pesado do que o urânio original. Porém percebeu-se que após o bombeamento conseguia-se o elemento Bário, muito mais leve que o Urânio. Lise que tivera que fugir da Alemanha por ser judia recebeu as informações de Otto e deduziu que o núcleo do Urânio estava se quebrando, denominando Fissão Nuclear. Otto Hahn recebeu o Premio Nobel por essa descoberta, mas Hitler impediu-o de receber. Esse processo de quebra do núcleo liberava uma quantidade imensa de energia e Otto Hahn juntamente com Heisenberg passaram a pesquisar a possibilidade de que esse processo fosse feito em cadeia, obviamente, para a produção da famosa bomba.
Heisenberg, um dos maiores nome da física era aluno de ninguém menos que Niels Bohr, sim, aquele da teoria atômica, e assim Bohr ficou sabendo da probabilidade de que Alemanha dispusesse em pouco tempo de uma bomba atômica colocando em risco toda a humanidade. Bohr e seu amigo Albert Einstein, influente nos EUA, escreveram, então, uma carta ao presidente Roosevelt, alertando-o da ameaça. O presidente por sua vez criou o Plano Manhattan, destinado a pesquisas sobre fissão nuclear e fabricação de armamento nuclear. E é nesta parte da historia que vemos Enrico Fermi e Oppenheimer, cientista famoso por construir a primeira bomba nuclear.
Em 1945, o resultado dos estudos de Meitner e Hahn, dos temores de Bohr e Einstein e da obsessão de Oppenheimer caiu sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki... colocando fim a um dos períodos mais sombrios e mais revolucionários da História.
Ana Pedrozo

Esquema de como funciona a Fissão Nuclear descoberta por Meitner e Hahn.


Dizem que HCN tem cheiro de amêndoas... Alguém ai quer confirmar?


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